Bem que eu tento parar e não mais escrever sobre Mangaratiba... ou melhor, escrever sobre a parte feia de Mangaratiba, mas não dá!!!! Fico incomodada com tantos absurdos e é como nesse trecho da música do Roupa Nova:
"Faz o seu momento da melhor maneira que puder. Quem vai dizer que não está direito, se a pressão aumentar. Não vai dar pra parar! Vem de dentro de você...É o grito preso na garganta"
- Um Lugar no mundo
Sinceramente, bem que eu tento não bater nesta tecla gasta e desafinada e aí, lá vou eu "cotidianiar" e aí me deparo com o que pensei ter engavetado, me espetando os dedos!
E vejam, é loucura em cima de loucura, enlouquecendo a população que já está tonta e sem raciocínio de tantos atos e "desatos" estranhos, abusados e distorcidos.
Vou dar um exemplo:
Em 21 de Dezembro desse ano que passou, alguns elementos desta gestão, cuja iniciativa foi da área de Saúde com pitacos de "outros" gestores, promoveram uma festa para os portadores de deficiência no Iate Club de Muriqui. Ora, dirão alguns, isso é bacana!
Não, não é saudável e vai na contramão de todas as conquistas do Estatuto da Pessoa Portadora de Deficiência, que tem como objetivo integrar e incluir socialmente estes cidadãos.
Fazer uma festinha de fim de ano "exclusiva" já demonstra a exclusão dos mesmos em sociedade e de quebra, ainda tem um tom de "caridade" e não de preservação de direitos.
Mas, digamos que cometeram um deslize conceitual, talvez por sermos terra da falta de direitos e de certa forma rançosa com o hábito do coronelismo que ainda se conserva por aqui.
Porém, lá vem o início do ano letivo e a última coisa que novamente pensaram foi nos direitos destas crianças, pequenos cidadãos protegidos por lei que diz em seu estatuto;
- Torna compulsória a matrícula e a inclusão escolar de pessoas com deficiência em estabelecimentos de ensino regular.
E a garantia da inclusão se dá também na Lei de Diretrizes e Bases;
Art. 4º. III. atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular
de ensino;
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei,
a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação
especial.
§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas
dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de
ensino regular.
§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado,
tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação
infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa
escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino
regular capacitados para a integração desses educandos nas classes
comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os
que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo,
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles
que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual
ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
E aí me vem a pergunta que me atormenta: Isto é gestão?
Estamos em Março, e nem mesmo a figura do mediador, a Secretaria de Educação priorizou em seu planejamento anual e nem contemplou no processo seletivo simplificado, deixando à deriva, à margem da sociedade, nossas crianças portadoras de deficiência. Temos crianças em casa, interrompendo suas terapias e seus desenvolvimentos. Temos responsáveis atormentados em angústia da impotência que este governo causa a sociedade.
Fazer festinha excludente, usar nossa gente para fins que sabemos não são os mais nobres é perfil de bons gestores?
Eu sinto muita repulsa com isso tudo!
Defender estes direitos e promover políticas públicas é mais do que dever, deveria ser meta a ser atingida em um curto espaço de tempo. Falar abobrinhas em festinhas, usar o estatuto como discurso e não agir com veemência na defesa destes cidadãos é podridão e desfaçatez.
Está na hora de repensarmos nossos conceitos de cidadania e de representação! Está na hora da turma da Secretaria de Educação parar de se dizerem ofendidos com as críticas e passar a comprar o "barulho" da educação!
Está na hora dos responsáveis, procurarem o Conselho tutelar, o MP e fazer valer os direitos de cidadania de suas crianças e de seus jovens!
Educação, a gente não vê por aqui!