domingo, 27 de junho de 2010

Os números que pouca gente viu.. e o que eles dizem

Postado em 25/06/2010 por Equipe Marina | Categoria(s): Eco

Por Mariana Sanchez

Todo mundo já falou que Marina Silva aparece como dona de 9% das intenções de voto na última pesquisa CNI/Ibope, num cenário que leva em conta apenas os três principais candidatos na última pesquisa. A pesquisa completa, no entanto, traz números que pouca gente viu e que permitem entender melhor quem é o eleitor de Marina Silva e quais são os seus desafios.

O eleitor

* - Confirma-se a impressão de que Marina vai bem entre os que têm mais anos de escola. Ela alcança 14% da preferência entre aqueles com ensino superior, contra 6% entre os que fizeram até a 4a. série do ensino fundamental.
* - Marina vai melhor em municípios grandes e nas capitais. Quando a cidade tem mais de 100 mil habitantes, ela atinge 11%, contra 7% em municípios menores. Nas capitais ela obtém 13%, contra 5% em áreas periféricas.
* - Atrai as classes A e B. Entre os que ganham mais de 10 salários mínimos por mês, Marina alcança 20% da preferência. Na faixa de um a dois salários mínimos ela leva só 7% dos votos.

O (des)conhecimento

O nível de conhecimento dos eleitores sobre Marina subiu em 12%, o que animou a campanha. Mas Marina ainda é bastante desconhecida. Somando-se os que nunca tinham ouvido falar dela até o dia da pesquisa e os que não sabiam dela mais que o nome, para quase metade dos pesquisados (46%) Marina é ainda uma incógnita. Conforme diminui o seu desconhecimento ela obtém mais votos. Entre os mais escolarizados, apenas 24% disse nunca ter ouvido falar ou conhecer apenas o nome da candidata. Não por acaso é nesse mesmo grupo que ela obtém mais votos. Resta saber se ao aumentar o nível de conhecimento sobre si entre os eleitores mais pobres e com menos anos de escola ela vai ser também capaz de conquistá-los. Com apenas um minuto e meio de TV e considerando-se que os brasileiros se informam maciçamente pelo veículo, esse é um desafio para Marina.

Votar ou não votar

A probabilidade de voto em Marina também aumentou, em 9%. Os que votariam nela com certeza e os que poderiam votar nela somam 43%.

Sem herança

Apesar de ter sido ministra no governo Lula, fundadora do PT e de ter uma trajetória de vida parecida com a do presidente, o que poderia levar o eleitorado a achar que ela é a herdeira de Lula, apenas 1% dos pesquisados respondeu que Marina era a candidata apoiada pelo presidente.

A calibragem do discurso

Reivindicar para si a bandeira do meio ambiente e criticar a política do governo no assunto pode não ser bom negócio para Marina. De acordo com a pesquisa, 57% dos pesquisados aprova as medidas tomadas na gestão Lula em relação ao meio ambiente. Se não estão descontentes, os eleitores não têm porque abandonar o governo. Marina precisará lançar mão de outros argumentos para convencê-los. A saúde, por exemplo, recebe a aprovação de apenas 44%.

Publicado originalmente no blog #ComMarina, no site da revista Época, dia 25 de junho de 2010.

sábado, 26 de junho de 2010

Rosemary - Copa 2010

Fizemos um bolão e compramos uma passagem para Rosemary assistir a Copa 2010.
Ela que já havia sido esquecida, ficou radiante com a possibilidade de voltar à mídia.
Como esperávamos uma reação deste tipo, tratamos de cuidar de sua estabilidade emocional e psíquica, pois percebemos que Rosemary já estava com aquele brilho nos olhos de quem sonha acordada com fama e sucesso.
Antes de tudo, conversamos e tentamos sutilmente explicar que mesmo que tudo corresse bem, e nossos planos dessem certos, ela não teria tantas vantagens financeiras e talvez nem mesmo seus cinco minutos de fama.
Percebemos que Rosemary mesmo assim continuava delirando. Tratou de fazer esteira todos os dias, comprou cinta e prendeu algumas das imperfeições de seu rosto com fita adesiva por trás das orelhas.
Ficamos preocupados, mas demos andamento a nosso plano. Por dois meses Rosemary foi acompanhada por psicólogo, terapeuta holístico, entrou para Yoga e fez curso de tiro ao alvo.
Assim, lavamos as mãos e enviamos nossa musa e seus apetrechos para a África do Sul.

Nossos correspondentes na África, trazem notícias impressionantes do comportamento de Rosemary. Dizem que ela não larga a vuvuzela, Zakumi é seu companheiro e onde houver um flash, lá estará nossa musa dedicada que não abandona a causa.

Por aqui, ainda estamos tensos e ansiosos para o jogo de segunda-feira. Nossa missão se encerrará no momento que Rose completar sua difícil tarefa.
Será que seu tiro continua certeiro? Será que Rose não se desconcentrará com o barulho infernal? Será que precisaremos mesmo de Rosemary?
São respostas que só saberemos durante a partida. Tudo vai depender da performance do time de Dunga, da insegurança do time do Chile quando olhar para arquibancada e perceber que ali está nossa salvação.

Rosemary fogueteira, as manchetes dos jornais de todo o mundo serão suas!
Só não sabemos se conseguirá estampar seu corpo, um tanto quanto gasto, nas páginas de revistas masculinas.... Quem sabe?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Além do portão

Além do Portão
Toquinho

Tem uma rosa à tua disposição
Na roseira, na beira da cama,
No desenho da lua, no meu coração.

Tem um sol roçando tua mão
No infinito, nas paredes da casa,
Na veia mais rasa do meu coração.

Tem um futuro além do portão
Na primeira esquina,
No fim do horizonte,
Na mais funda mina,
No mais alto monte
Do meu coração.

Um parto eterno

Um rapaz tímido é minha maior preocupação.
Quando era pequenino, eu imaginava sua vida de adulto e por alguns anos não pude tê-lo junto de mim, a distância geográfica era grande, mas eu estava sempre por perto em pensamentos e longas horas de conversa por telefone, quando gostosamente aquela voz bem miuda me chamava de Nininha.
Hoje só penso nele com proteção. É um amor tão grande que sinto, que até machuca.

Tem dias que a angústia é tão grande por vê-lo desperdiçar a vida sem forças, com uma resistência em enfrentar o mundo, que penso em soluções mágicas para empurrá-lo.

Tudo e todos afetam sua vida. Sofre calado sem dramas, sem alardes, esfregando na cara das pessoas sua timidez e dores.

Se eu tivesse o poder de me transportar para dentro dele e fazê-lo sentir o quanto o amo e que todos que convivem com ele sentem este amor e sabem da grande beleza e inteligência dele, creio que seus conflitos se resolveriam.

Por vezes, quero que ele reaja e imagino que se eu o provocasse em sua auto-estima, ele sairia deste mundo cheio de monstros que criou e viveria, simplesmente viveria. Mas, com a auto-estima tão destruída, seria fechar a porta de vez.

Assim, vou amando um filho que não pari, sentindo as dores deste parto por toda a minha vida.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Você precisa do quê?


Eu ando com muitas saudades de minha mãe. Saudade dolorida, insistente e que faz com que eu acione o mecanismo de defesa e, a transforme em lembranças boas que revivo a todos os momentos.

Volta e meia estou repetindo seus detalhes, que fazem dela uma presença viva e constante em minha rotina.

Hoje me lembrei do ditado que ela sempre usava para acabar com a “falação de mal” que de vez em quando fazíamos entre nós. Ela acabava com a farra do mau caratismo familiar dizendo:

“Pau que dá em Chico, dá em Francisco” ou “Macaco, olhe o seu rabo”.

Pensei logo nisto, quando fui dar uma lida nos JORNAIS e vi notícias sobre os candidatos à presidência. São estranhos e contraditórios os comentários, pois creio que querem é causar tumulto conceitual nos eleitores.

Vejam, se uma candidata é taxada de humilde e submissa por sua elegância verbal e, sua simplicidade é distorcida para despreparo, a outra pode ser taxada de arrogante por sua deselegância verbal e, sua falta de simplicidade pode ser interpretada como? Simplesmente como despreparo em participar de sabatinas com os outros candidatos, de enfrentar perguntas que talvez não tenha como responder sem seu grupo de apoio.

A submissão de uma, segundo pensam alguns, é clara na outra, se pensarmos que uma “Dama de ferro”, não poderia ter aventada a hipótese de que outros é que estariam escolhendo seu ministério.

Submissão tem faces diversas. No universo feminino, vemos mulheres aparentemente classudas que apanham do marido, que aceitam humilhações por oportunismo e são capazes de viver anos desta forma, se com isto, usufruírem de status social.

Mas a questão maior é que com esta bobagem, quem sai ganhando com estas difamações e distorções é o homem. O candidato masculino vai lá e rouba os votos das duas e perpetua a má política e tira a credibilidade da mulher.

O eleitorado feminino, seja o dito classudo ou o simples, perde a referência e não se divide entre as duas, mas corre para escolher seu “preparado”, experiente e ...IGUAL a tudo de ruim, candidato.

Deixem o eleitorado feminino votar naquela que mais se aproxima de seus conceitos, sejam elas as que aparentemente são submissas, sejam elas as que apresentam performance de modernidade e independência.

Incentivem o voto nas duas e deixem que no 2º turno seja feita a vontade da população, com uma das duas representando nosso perfil, ou quem sabe as duas.


domingo, 20 de junho de 2010

Família Santa Clara - Uma família com a cara do Brasil

Casamento da Claudinha e do Pablo




Mais um texto que copio de outro blog.
http://eneaotil.wordpress.com/2010/05/28/familia-santa-clara/

Neste caso, a cópia é por ter encontrado um texto sobre o assunto, com a sensibilidade de quem conhece esta família até melhor do que eu.
Eliete ( a mãe da grande família) é professora, pedagoga e Cícero também.
Ela é uma das primas que foram referências em minha vida.
Pouco convivi com ela, mas sei de sua honestidade, ideal de vida e as motivações de formar a Família Santa Clara.
Eliete tem cara de mulher comum.

Família Santa Clara
Aos leitores do Eneaotil, nunca pedi nada por aqui. Mas gostaria de fazer um barulho em relação a essa história. Peço que leiam até o final e que divulguem. Que contem a seus amigos jornalistas, que enviem esta história para os jornais, que relatem tudo o que eu contei aqui hoje, na mesa do jantar. Que compartilhem este escândalo no Google Reader, no Twitter, em listas de discussões. Que ajudem. Porque todo mundo aqui teve a oportunidade de ter uma família e sabe o quanto isto foi importante.


O casamento da Claudinha e do Pablo

Conheci a Família Santa Clara no casamento da Claudinha e do Pablo, em 2006, quando fui até o Rio de Janeiro para prestigiar a boda dos amigos e passar uns dias com meu irmão. Nunca tinha ido a um casamento daqueles, com uma família tão grande. Tão grande que não tinha espaço no altar montado na sala da casa para todos os padrinhos. Nem espaço para todos os amigos, primos, irmãos, tios, tias acompanharem a cerimônia sentados.

É melhor explicar tudo do começo: o Pablo é filho do Seu Cícero e da Dona Eliete, casal que, apesar do sobrenome Soares de Castro Rosa, criou a Família Santa Clara. Fazem parte desta família, além dos três já citados anteriormente e de Claudinha que se juntou a todos em 2006, Thiago e Diogo, filhos de sangue de Seu Cícero e da Dona Eliete, e outras dezenas de crianças, adolescentes e jovens que a sociedade abandonou, renegou, nem quis saber.

É isso mesmo: além de ter três filhos de sangue, Dona Eliete e Seu Cícero resolveram cuidar de gente que vinha das ruas, que tinha sido abandonada pela família biológica, órfãos e todos os outros tipos de vulnerabilidade social que se pode imaginar.

Desde que a Santa Clara surgiu mais de 1000 pessoas já fizeram parte desta família, cresceram e se desenvolveram naquela casa gigante de Vargem Grande, no Rio. Foram incluídos na sociedade, receberam estudo, proteção e, sobretudo, amor. Alguns saíram dali direto para uma Universidade, um futuro que parecia impossível. Outros saíram dali para construir sua própria família. E só pode ter sua própria família quem sabe o que significa ter uma.

No casamento de 2006, entendi que ali não era um simples abrigo. Eu, que trabalho com educação e projetos sociais há 10 anos, vi que o clima era mesmo diferente. Não era uma associação, um abrigo frio onde crianças e adolescentes esperavam uma adoção, um lugar simplesmente provisório onde se podia sonhar com uma vida melhor. O sonho era ali, acontecia todos os dias.

Ter uma família significa muito mais do que ter oportunidade de cursar uma faculdade, de fazer uma oficina de costura, de dança, de leitura e produção de textos, de agricultura, de informática e de artesanato, como a maioria dos projetos sociais oferece por aí (e, diga-se de passagem, a Santa Clara oferece também).

Ter uma família é poder assistir à novela junto antes de dormir, sentar à mesa para comer e contar como foi o dia, esfolar os joelhos e receber um beijo da mãe para sarar, tomar bronca do pai quando comeu o biscoito antes da refeição e perdeu a fome. É brincar com o cachorro, correr no quintal, sentar com as irmãs na cama para fazer fofoca, receber visita dos tios no fim de semana, ouvir música que a maioria gosta (ou que só você gosta). É aprender com os pais a ter senso crítico, a ter responsabilidades. É ficar de castigo quando foi para a Diretoria na escola, é ter alguém para ir à reunião de pais e mestres pegar as suas notas. É alguém te chamar pelo nome, é ter um nome e um sobrenome. É poder ir ao casamento do seu irmão sem mesmo precisar ter o mesmo sangue.

Todos eles estavam no casamento, centenas de pessoas. Todas as crianças de vestido, bem arrumadas, bem penteadas. Talvez a única oportunidade que tenham tido para ir a um casamento.


Conheci William Prudêncio durante a cerimônia. Lindo, com a mesma idade que eu. Em 2006, tínhamos 23 anos e ele morava na Família Santa Clara desde 1998. Chegou lá aos 15 anos, transferido de outra instituição onde só se podia ficar até esta idade.

Sua mãe está viva, mas William não sabe dela. Deixou-o ainda pequeno com uma senhora que faleceu quando ele tinha 8 anos de idade. A idade que o Lucas tem hoje. E dos 8 aos 13 morou no morro, na favela e em outras comunidades. Até morar na rua.

Aí, aos 13 anos, pediu ajuda em uma instituição, onde só pode ficar até os 15 e depois foi para a Santa Clara. Até os 13 anos, nunca tinha sentado em uma sala de aula. Depois começou a freqüentar a escola. E quando foi para a Santa Clara, ganhou uma família. A influência de Seu Cícero e Dona Eliete, pessoas simples, mas cultas, fizeram com que William decolasse.

Hoje, aos 27 anos, já é economista formado e este ano conseguirá a graduação no curso de Relações Internacionais.


Voltei para visitar a família Santa Clara em julho de 2008. Conheci a tradicional festa junina (em 2008 foi julina), gigante também, do tamanho daquela família. As crianças brincavam à vontade na barraca (assim como meu filho Lucas), dançaram quadrilha, se divertiram. Uma grande fogueira queimava no canto da festa. A casa estava toda enfeitava.

Me lembro que eu estava em uma fase difícil. Tinha terminado um namoro de uma maneira sofrida, fui para distrair a cabeça. E só ali eu consegui. Não por causa do velho papo de que a gente esquece os nossos problemas quando conhece alguém em situação pior, pelo contrário. Eu não acredito nisso. A gente só esquece os nossos problemas do lado de gente feliz. E era ali onde eu estava: do lado de gente muito feliz.

Nesta semana, a Justiça foi até a Família Santa Clara e levou todas as crianças. Alegaram que a casa era inabitável e que aquele não era um ambiente bom para morarem. Uma bagunça ou outra, talvez, o que é normal em uma casa com bastante criança. Tenho medo de receber uma visita de um promotor público porque é capaz de levarem o Lucas embora já que ao entrar no meu apartamento é possível tropeçar em uma porção de brinquedos. O Lucas é bagunceiro. Isso não significa que a casa dele, junto da família dele, não é um ambiente bom para ele morar.

O Ministério Público alegou que a casa precisava de reformas, mas não havia dinheiro para tais reformas já que a Família Santa Clara funcionava da boa vontade de instituições e pessoas parceiras. Ninguém cuidava de crianças ali para gerar renda, para trabalho infantil, para produzir retorno financeiro. Só havia gastos, grandes gastos e nenhum incentivo público. Em 2006, o principal apoiador financeiro deixou de contribuir com a Santa Clara e eles passavam por dificuldades. Ao invés de apoiar com o pouco necessário, o poder público resolveu enterrar a família de vez. Tirou os filhos do convívio de seus pais, afastou irmãos do convívio de irmãos.

As crianças e os adolescentes menores de idade foram mandados para abrigos diferentes, em diversas regiões da cidade. E foram afastados das escolas por 10 meses, já que estavam matriculados em unidades escolares ali da região de Vargem Grande. Só poderão voltar a freqüentar as aulas no ano que vem.

Não entendo como isso pode ser melhor do que estar na Família Santa Clara. Não compreendo leis que determinam que os abrigos devem ser provisórios, por exemplo. A nova lei da adoção diz que a criança deve ficar no máximo dois anos. E depois? O que acontece se essas crianças não forem adotadas por uma família?

Tiraram crianças de 07 a 16 anos da Família Santa Clara. Quem adota um adolescente de 12 anos? 14 anos? 16 anos? O pior é a gente saber que tiraram essas crianças da única família que tiveram para mandar para família nenhuma.


Abaixo, a lista de crianças e adolescentes que foram retirados da Família Santa Clara:

W. tem 7 anos e é o mais novo. Estudava no Colégio Vargem Grande, que é particular. É irmão de U., de 8 anos, e N., de 13 anos. Estavam na casa há 5 anos aproximadamente. Não tinham nenhuma referência familiar. W. chorou a noite toda no novo abrigo e ainda não entendeu o que está acontecendo.

L. tem 9 anos e é irmã da menina G., de 10 anos e do adolescente G., de 15 anos. Estão na Família Santa Clara desde muito pequenos, as meninas desde bebê. A mãe faleceu e as duas estão começando a aceitar isso só agora, depois de muito acompanhamento psicológico e colo da Dona Eliete e Seu Cícero.

As meninas foram separadas do irmão, que foi enviado para outro abrigo.

L. tem 14 anos e é irmão de C., de 13 anos. Estão na família Santa Clara há 5 anos. Não tinham nenhuma referência familiar.

A. tem 13 anos e é irmão de A., de 9 anos. Os dois tem pai biológico, mas são visitados por ele no máximo uma vez ao ano.

A. tem 8 anos e é irmã de J., de 10 anos e do adolescente J., de 13 anos. Os três tem mãe, mas ela os mandou para a Santa Clara por diversos motivos. As meninas foram separadas do irmão e mandadas para abrigos diferentes.

A adolescente A. é a mais velha de todos os que foram separados da família Santa Clara pelo Ministério Público. Ela tem 16 anos e é órfã.

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Para saber mais sobre a Família Santa Clara, acesse: http://www.familiasantaclara.org.br.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Marina Silva, a com povo.

Ontem era só uma brasileira

Surpreendeu o mundo

Militou com Chico Mendes

Ambientalista e doutora

Resistiu à miséria

Incomodou no planalto

Não permitiu ser usada

Ama nossa gente

Texto copiado do blog:

http://miolodohenrique.blogspot.com

AINDA EXISTEM PESSOAS DE RESPEITO - Maria Osmarina Marina Silva de Lima

Antes de ministrar qualquer assunto, quando inicio o trabalho em sala de aula, procuro desenvolver os conceitos de senso comum e senso crítico. Afirmo que o primeiro é aparencia e o segundo é a essência.

Com esse mote, trago para conhecimento dos que acompanham este espaço, um texto que comenta afirmações ditas por Rita Lee, uma expressiva artista brasileira sobre a Ilustríssima Senadora a senhora Marina Silva.


Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem está com fome”.
Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.
Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.
Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.
A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

O mapa da fome

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.
A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.
Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.

Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco, quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.

Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

Tudo vira bosta

Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, “o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta”.

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - ‘Se Manca’ - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca”.
Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando: “Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem… e faz piada”. Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você”.
A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela tem cara de professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, “il péte de santé”.
O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil…
Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.

Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.

Por José Ribamar Bessa Freire*

(*) Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)

sábado, 12 de junho de 2010

Denuncismo

A prática não é de agora, mas pegou força de uns anos prá cá.
Quais serão os responsáveis por incrementarem tal prática mesquinha e manipuladora?

Tenho visto estas coisas em todas as campanhas. Alguns se deram bem e conseguiram ferrar ótimos adversários, que mais adiante provaram sua capacidade e sua "honestidade".

Tivemos a candidatura do Lula em 89, com a famosa pasta de Collor com fotos do tal aparelho 3 em 1 que causou tanto constrangimento, pois a insinuação provaria que o apartamento de Lula foi fotografado e que na maldita pasta, poderia haver alguma foto ou mais documentos incriminatórios. A denúncia da filha "bastarda" também foi golpe baixo.

E o que temos hoje? O melhor presidente que o Brasil poderia ter nos oferecido, justamente por insistência e determinação dele, do PT e daqueles que acreditavam no "sapo barbudo".

Em Pernambuco, em 2006, Eduardo Campos estava em 3o lugar nas pesquisas, bem atrás de Mendonça Filho (PFL) e Humberto Costa (PT). Durante o primeiro turno, as denúncias eram todas voltadas para Humberto Costa, pois achavam que se Eduardo Campos fosse para segundo turno, seria alvo fácil para novamente utiizarem-se do "denuncismo" com os escândalos dos precatórios do governo de Miguel Arraes, onde Eduardo Campos era Secretário da Fazenda.

E o que aconteceu? Eduardo Campos foi eleito em segundo turno com cerca de 60% dos votos, com toda a máquina dos "denuncistas" voltada para ele.

Devemos entender que a forma de lidar com as denúncias, não é só responsabilidade do atacado ou denunciado, mas de todo eleitor que quer, e sabe que o voto é SEU.
Saber que o voto é a expressão de seu ideal, de seu perfil ético e social. Votar para simplesmente eleger alguém que parece que tem mais chance que outro, é anular sua vontade em nome de talvez, outras manipulações, que são as pesquisas de intenção de votos.

Vou aproveitar o tema e postar um texto do blog de Marina Silva:


Postado em 07/06/2010 por equipe Marina / Categoria:Geral


O vírus do denuncismo


Por dois dias, a Folha trouxe problemas da Natura com o fisco. Para o leitor desavisado, ficou a impressão de que a empresa do vice de Marina Silva sonega impostos. Faltou mostrar que toda grande empresa tem passivo tributário e que a lei vigente dá margens a diferentes interpretações.

Na quarta-feira, a reportagem afirmava que, “apesar de cultivar a imagem de politicamente correta, a companhia é alvo de ações cíveis e trabalhistas”. Se toda empresa que tiver uma disputa com um ex-empregado for tachada de incorreta, não sobrará uma em pé.

Faz todo sentido investigar a empresa de quem pretende ser vice-presidente do Brasil, mas precisa fazer reportagem de verdade.