terça-feira, 27 de setembro de 2011

São Cosme e São Damião

A decapitação de São Cosme e São Damião, porFra Angelico

Nossa! Como corria "atrás" dos doces de Cosme e Damião...
Como boa suburbana, este dia não passava impune aos meus desejos infantis de doces em abundância. E quando menina, poucas eram as crianças que não desfrutavam desta loucura toda que é encher sacolas com saquinhos de doces, dos mais vagabundos aos mais sofisticados.

Ah! O doce de leite de um lado e doce de coco do outro, a paçoquinha e a cocada!

Éramos crianças "ecumênicas", ninguém pensava na religião dos outros, mesmo que a maioria se classificasse como católica, o sincretismo religioso era a mais pura realidade em meus dias de menina. Quem nunca se aventurou em se lambuzar de doces até não poder mais? Quem nunca entrou em uma festinha da umbanda para comer os doces das mesas postas para nossa alegria?

As balas mais meladas, o pirulito e a bananada....

Hoje, são muitas as crianças que vêem este dia como algo inapropriado a Deus e são levadas a confundir alegria e guloseimas com desacato religioso, pois os fundamentalistas bíblicos mais insanos, pregam que nossos docinhos são oferendas a deuses e ao demônio.

Que delícia é o doce de abóbora! O cocô de rato, a maria mole e o pé de moleque.

Graças ao bom Deus, minha família era de uma simplicidade tão grande que a fazia liberta de preconceitos religiosos e sociais. Assim, pude experimentar e vivenciar deliciosas travessuras que foram absorvidas e repassadas aos mais novos.

Quero o doce de batata doce, o bolo caseiro, a chupeta de caramelo vermelho...

Hoje, minha turminha não vai para a escola! Afinal, tradição é tradição e desculpem a certeza que exponho aqui, mas criança não pode ter preconceito e muito menos deixar de ser .... criança.

E eu? Eu vou contar para eles como surgiu este dia, como é comemorado pela igreja católica, como foram agregados a umbanda e como é bom viver cada fase de nossas vidas com plena convicção de que Deus não tem religião. Deus é o amor que habita em nós e que se manifesta de diversas formas em nossa vida.

Meu Deus agrega e partilha.

3 comentários:

  1. Eu jamais tive a felicidade de correr atrás daqueles saquinhos com cocô de rato, maria-mole, pirulito, pipoca.
    Não por ser coisa do demônio como me disse uma ingênua criança há bem pouco tempo aqui mesmo em Muriqui.
    Mas, sim, porque ajudava meus pais a distribuí-los todos os anos no portão de minha casa.
    Até que, no ano de 1954, minha mãe acabara de falecer enquanto enfrentávamos aquela algazarra infantil tentando organizar a distribuição dos saquinhos que ela sempre fez questão de oferecer às crianças.
    Naquele triste dia de tanta alegria, eu não roubei nenhum saquinho pra mim.

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  2. Lacerda,

    e a vida vai seguindo, nos construindo com lembranças que ainda nos fazem sentir determinados momentos como se fossem tão recentes...

    Sabe, este teu relato, me fez "tentar" viver a sua vivência e me exercitar em não perder a sensibilidade para as dores, alegrias e encantos das demais pessoas.

    Você sempre me faz bem, até quando me entristeço...

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  3. Distribui docês para as crianças durante
    10 anos, por uma graça alcansada.
    Faço minhas suas palavras, meu Deus agrega
    e partilha.
    Um abraço para você.
    Areias e Castelos.

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