A dor da perda e a informação inescrupulosa

Hoje, a postagem vai ser um pouco polêmica  e por isso, faço este preâmbulo...

Quando minha mãe faleceu em 2008, fiquei, e ainda tenho  muitos "se" para serem respondidos.

Foi em um final de tarde, do dia 13/10... assim, de repente, sem aviso e sem sinais... estávamos todos juntos na varanda de casa, ela cercada de filhos, netos e bisnetos e ..aconteceu!

Enquanto um sobrinho correu até o posto para chamar o socorro, eu e uma de minhas filhas tentávamos fazer os primeiros socorros... massagem cardíaca e respiração boca a boca. A ambulância chegou logo e ela foi colocada por NÓS na maca capenga e naquela sucata nojenta, assim, chegamos rápido ao PS de Muriqui... foram os poucos minutos mais demorados de minha vida, eu e minha filha continuávamos com os procedimentos e a "enfermeira" foi no banco da frente com o motorista. Ninguém nem se deu ao trabalho de me tirar dali ou assumir o que eu fazia sem orientação e completamente despreparada para a situação.

Após cerca de trinta minutos, recebi a notícia mais triste de minha vida, pois ela tinha me deixado...

E os "se"s começaram a tomar conta de minha vida... 

"Se" a enfermeira tivesse assumido..."se" houvesse equipamento na ambulância para atendimento ali mesmo em minha casa..."se" tivesse desfibrilador, eletro e local adequado para o atendimento, "se" a médica do PSF que a acompanhava fosse mais humana e competente, pois na época era uma psiquiatra que atendia (quando queria), tivesse detectado algo na consulta que tinha acontecido na quarta-feira que antecedeu o óbito....se...se...se.

E nunca, nunca mesmo, atormentei minha família com meus "se"s não respondidos, pois a dor é tanta que partilhar estas dúvidas, só os traria para mais sofrimento como eu os tenho.

Claro que luto para que ninguém tenha que viver sem estas respostas, mas justamente por isso, não gostaria de que usassem a dor de uma família para distorção de fatos e os fizessem de "boi de piranha" para atingir os desafetos políticos...

Assim, fui em busca de respostas para o caso de uma senhora que faleceu anteontem em Mangaratiba, Dona Aparecida, e não encontrei nada que possa ser considerado negligência médica.

Foram feitos 3 eletrocardiogramas...um as 8:20 hs da manhã, outro por volta das 18:00 hs e outro foi feito por volta das 18:38 hs... e em todos foi constatado o óbito.

A polêmica do horário de entrada no HMVSB e o horário do óbito.... ela já chegou em óbito e o médico a atendeu por volta das 8:13 hs...o que o fez presumir que o horário seria as 7:30 hs.

O calor infernal daquele dia pode ter contribuído para que a temperatura do corpo se mantivesse e até mesmo existe a possibilidade de conservação do calor por conta do tecido de suas vestes, sem contar que uma pessoa mais gordinha tende a conservar este calor também.

E a dor dos familiares? Ah! Dessa eu entendo! Fiquei por horas esperando que minha mãe desse algum sinal de que tudo não passou de um engano... e vi quando  pareceu um suspiro...um leve mexer na barriga... mas, era parte do processo dos gases que se acumularam e ... está sendo bem ruim lembrar disso!

Bem, pode ser que o IML coloque o horário em que ela deu entrada lá, mas isto não é o horário presumido da morte... para isto precisariam de exames mais complexos que não sei se foram realizados.

Então, o que quero opinar é a simples certeza de que devemos ser mais éticos em nossas denúncias, que não usemos as dores, nem as dúvidas de ninguém para fazermos nossa oposição ao que não nos agrada em nosso município... Muito cuidado, pois por trás de uma leviandade, influenciamos os sentimentos e as motivações de pessoas que estão sofrendo e buscam respostas para um momento tão doloroso como este.

 A esta família, vai o meu sincero sentimento de pesar! A todos nós, desejo que Deus nos faça melhores na busca por respeito...e solidariedade! E que as respostas venham repletas de verdade para a paz desta família!