Rolezinho

O rolezinho não é coisa de agora. Antes dos jovens da periferia resolverem partir para esta moda, muitos jovens universitários de classe média, enchem um shopping na zona oeste de São Paulo para sua “zorra” com os calouros no início do ano letivo. Dançam, cantam, festejam e não consomem praticamente nada. 

Eles são alunos da USP, e se encontram no shopping Eldorado, sem serem incomodados pela segurança do lugar, nem são “olhados” com o pavor que se disseminou com o rolezinho da periferia.

Gritam suas palavras de ordem, sacaneiam outras universidades, sobem em mesas, usam palavras mais ofensivas e ninguém interfere no encontro.

Ora, se os eventos são tão parecidos, o que muda no comportamento dos lojistas, dos freqüentadores habituais e dos seguranças? O tratamento deveria ser igual, independente de quem participa destes encontros.

É que o parâmetro para definir quem pode ou não freqüentar determinados locais é o preconceito. Isto segrega a sociedade!

Claro que não podemos comparar os encontros como iguais, mas são semelhantes, existindo pontos em comum. São grandes aglomerações de jovens que não vão aos shoppings para consumir. 

Então, pensei e percebo que a diferença está na arte de bem receber... receber sem preconceitos, receber com ordenamento, não permitindo que independente de classe social sejam violados direitos dos demais e que regras sejam respeitadas. Ah! Mas, tem que valer para todos!!!! Classe média ou periferia, classe A ou sem classe... o Norte Shopping é um exemplo de que o oferecimento dos serviços de qualidade sem preconceitos, agrega e partilha lazer para classe média e suas favelas de entorno que fornecem seus  frequentadores. 

E dentro desta arte do bem receber, vamos dizer que ao abrir as portas para as “visitas”, que elas encontrem tudo bem limpinho e ordenado, assim como em nossa casa.... com cinzeiros para os fumantes se permitimos que se fume em nossa casa, com lugar para que descansem, que tenham boas  refeições, que se sintam seguros e oferecimento de atenção total na condução deste evento. 

A arte de bem receber.... como precisamos aprender! ... Receber bem, não é abrir a porteira e deixar que se devaste nossa casa, é oferecer o melhor, mas não incentivar que se destrua o seu patrimônio.

A arte de bem receber agrega novas culturas, mas tem orgulho de apresentar a nossa também.

A arte de bem receber tem personalidade... não perde sua identidade por nada. Pois se dá o devido valor e quer partilhar o seu melhor.

A arte do bem receber não segrega, mas ordena e conduz com firmeza e delicadeza para que limites não sejam rompidos e todos sejam beneficiados com a troca.

Bom, acho que dá para modificar muito nosso comportamento anfitrião... Volto ao “rolezinho”, lembrando que o olhar e as atitudes de quem recebe são mais importantes do que a dos freqüentadores... Comércio, população e serviços públicos... nós somos os anfitriões!

Rolezinho não é movimento de excluídos ou de protesto... rolezinho é movimento natural de ir e vir que se avolumou pela reação do preconceito.

Então, vamos aderir a causa ... e ajudar Mangaratiba e o Secretário de Turismo e Eventos a ordenar  o município para receber o rolezinho... de verão.