domingo, 22 de novembro de 2009

Era 2010!

Quando percebi, já estava acontecendo!

Era um corre prá lá, corre prá cá, era gente gritando palavras que eu não entendia, e que me fizeram curiosa. Levantei correndo e de minha janela vi um colorido diferente, parecia carnaval. Vi gente arrancando dos olhos uma espécie de cola transparente que por muito tempo impediu-os de caminhar por si só. Mais adiante, tinha um grupo de crianças que brincava e olhava radiante aquela balbúrdia dos adultos e perguntavam se o tempo tinha virado, e os mais velhos tinham se transformado em pequenos.

Foi quando vi um bloco! Eram pessoas que conhecia, mas que estavam completamente diferentes. Alguns que há muito tempo não sorriam, escancaravam seus lábios em sorrisos de esperança e confiança. Outros oravam sinceramente a Deus pela Graça alcançada, e aqueles que se esconderam por tanto tempo, dançavam um samba rasgado. Ainda vi os que orgulhosamente se abraçavam comemorando a força da união.

Até os que morreram na batalha, resolveram aderir ao amanhecer inesperado e junto com os convalescentes do combate, dançaram pelas ruas e praias.

Ao fim do bloco, vi um cortejo fúnebre, que sem platéia entoava um cântico de agonia que ecoava em nossos ouvidos.

Já conseguia entender o que se passava e meu corpo respondeu com arrepios a certeza que se formava em minha alma. Olhei para o cortejo e vi também alguns conhecidos e como os que participavam do bloco, estavam diferentes. Uns rasgavam suas vestes, implorando a Deus o perdão por suas faltas, outros choravam pela miséria moral que estava exposta como feridas. E ao passarem pelas crianças, todos abaixavam a cabeça não sei se de vergonha ou de medo.

Curiosa, me aproximei da urna e vi que ali jazia um Laadrão!

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