Um devaneio de Domingo

Quando me sinto cheia de amarras, me limito a devanear....
Quando me paralisam, me liberto em mim....
Quando nada consigo realizar, realizo em mim....

Assim, lá vou eu partilhar angústias que insistem em transbordar de dentro para fora me tomando por inteira.

Quando vejo a passividade, quando nada faço por algo que acredito, me sinto menor e desprezível. Alguns dizem que isto não é sabedoria, que isto não é coisa de gente sensata! Mas, quem disse que sensatez deve ser usada sempre? E sabedoria é algo que se adquire também com um punhado de ousadia.

Queria mesmo ter carisma e continuar a ser como sou! Ah! Faria um barulho neste município tão adormecido e molhado das lágrimas que não são vistas por ninguém!

Abraçaria todas as causas e me contagiaria das gentes silenciosas que esperam uma mão estendida para pular o muro da passividade.

Aí...eu sonho...

O manguezal de Itacuruçá não seria devastado e nem os outros....acabando com o equilíbrio de nosso meio ambiente! Aproveitaria para contribuir com a partilha de conhecimentos que levam um povo a decidir por sua coletividade e eu adquiriria mais saberes....

Em meus protestos interiores, me vejo participando de ações radicais, como fazem no Greenpeace, acampando em  manguezais, impedindo as máquinas de trabalharem.

Em outras ocasiões, me vejo andando com aqueles megafones pelas ruas do município, abrindo os ouvidos e as mentes do meus concidadãos que parecem andar como zumbis por aí...

Falaria de nossos problemas e de nossa dor. Gritaria para todos que temos a solução...mostraria com carinho que muito podemos e que por vezes, deixamos tudo acontecer por medo.... falta de energia... costume e burrice....burrice mesmo!!!!

Gritaria que o que te compram hoje, não é só o momento, mas seu futuro e o meu também!

Mostraria que brilho ou o falso populismo, não são os quesitos para se entregar um povo. E nem o beijo molhado e sorriso grandioso te trarão tranquilidade para trabalhar, ganhar o pão de sua família e nem garantirá o futuro dos seus....e nem o meu e de minha gente. Gritaria que por detrás da cachaça popular que nos faz igual, existe o whisky caro que não te pertence. Que as sofisticadas mãos que te estendem e te jogam migalhas, é a mesma que guarda na bolsa seu direito e sua dignidade.

Abriria minha voz para te dizer que você pode e deve duvidar de algo que  persiste e que te engana de tempos em tempos e que em nenhum momento compra a causa de uma classe, de nossas crianças, de nossa gente ou de nosso sossego em fechar os olhos e saber que por aqui viveremos o futuro!

Quero gritar que não podemos viver o passado, nem perpetuar o presente amargo.... quero o aprendizado e a certeza de que pensamos juntos por todos nós!

Que Deus proteja Mangaratiba de nós mesmos!