Educação participativa em Mangaratiba - Será?

Surpresas, surpresas e surpresas! Umas boas e outras desestimulantes, mas só assim, partilhando informações é que iremos construindo ou desconstruindo imagens e formando nossas opiniões quanto aos serviços públicos, não só  em Mangaratiba, mas em qualquer lugar que escolhemos para viver.

Bom, vamos lá.... no dia 30 de Janeiro, em uma atitude inédita em Mangaratiba, o Vice Prefeito, se reuniu com boa parte da Educação, para se colocar inteiramente ao dispor da classe, no sentido de promover um elo mais rápido entre este setor e o prefeito, pois seria mais dinâmico este caminho, considerando a "queima" de etapas entre estas duas pontas. O Vice falou, falou e pediu que os diretores fizessem relatórios sobre suas escolas, colocando suas dificuldades e suas necessidades em relação as unidades nas quais são gestores. E vejam, não foi dito que isto teria a opção de não fazê-lo! E ainda mais... se prontificou a visitar as escolas e o fará!

Mas, vamos em frente.... Isto me lembrou um estudo maravilhoso sobre gestão escolar, onde se detectou entre diversas 'falhas" de gestão a falta de profissionalização do diretor, ou melhor, a falta de capacitação do gestor.

 Os resultados da pesquisa permitiram apontar alguns pontos que deveriam ser desenvolvidos em termos de políticas públicas. O primeiro é a melhoria do processo de formação, capacitação e profissionalização do gestor escolar. Trata-se do alicerce a partir do qual se poderá mudar a gestão das escolas. Na mesma toada, é preciso transformar positivamente as organizações e a burocracia das redes de ensino. Mas o maior desafio, é como estruturar o processo pedagógico para que ele tenha os efeitos desejados na sala de aula e, consequentemente, no desempenho dos alunos.

Se pudéssemos sintetizar o modelo de diretor almejado, ele seria baseado na construção de um contrato com um gestor profissionalizado, o que demandaria melhor formação e capacitação destes dirigentes, a montagem de uma forte e entrosada equipe de apoio e a criação de um horizonte temporal estável para aferição dos resultados propostos pela direção. Este diretor lideraria a produção e a execução de um projeto político pedagógico que pudesse ser acompanhado e medido, por métricas objetivas e pela discussão com a comunidade e com a rede de ensino.

Em suma, instintivamente ou intuitivamente, o vice, mesmo sem "entender" do tema, iniciou um processo positivo na educação, mas.... que esbarra na politicagem a que estamos acostumados... ou quem sabe na falta de visão política e profissional dos envolvidos na área.

I´m sorry! Sei que nem todos irão concordar, alguns irão até se irritar, mas é a verdadeira face da gestão escolar....não só aqui, mas em muitos municípios.

 Daí ser fundamental relembrar os  fatores produtores de uma melhor gestão escolar. Em primeiro lugar, a qualidade do corpo de gestores, em especial do diretor, faz diferença. Desse modo, não será possível aperfeiçoar o gerenciamento escolar pela mera repetição de técnicas adotadas em casos bem-sucedidos, visto que a formação e a capacitação da direção escolar podem potencializar ou neutralizar tais instrumentos. Gosto muito de trocas de experiências entre os gestores, mas se esta troca não for feita por pessoas capazes de absorver a experimentação e transformá-las em técnicas para sua unidade escolar....

A formação e a capacitação devem ser voltadas para a construção de um tipo de liderança, que mostra-se mais adequado quando existem as características do empreendedorismo e da visão sistêmica da gestão escolar. A estas qualificações devem ser adicionadas duas outras: a capacidade de atuar em prol de um bom clima escolar e a absorção das avaliações externas pelo processo educacional das escolas.

 Outros aspectos, no entanto, também afetam os resultados dessas unidades escolares em geral. Entre os que mais chamam a atenção, podem ser citados a descontinuidade das políticas e pessoas; a falta de uma diferenciação do tipo de gestor e administração conforme o ciclo; os problemas de gestão de infraestrutura, da comunidade e do relacionamento com professores num momento de transição institucional; as falhas de organograma e de definição das funções; e o excesso de burocracia na gestão escolar.

Bem, o fato é que escrevi tudo isso, depois de refletir bastante sobre alguns problemas existentes e recorrentes na educação de Mangaratiba, como unidades paralisadas por falta de água, unidades paralisadas por falta de manutenção, unidades funcionando em condições inadequadas, unidades com problemas crônicos de indisciplina, unidades que já nem mais são vistas como "anormais", sendo aberrações arquitetônicas que não atendem as Leis de Diretrizes e Bases.... e ainda encontramos aquelas em que os gestores, por inércia ou por omissão, permitem o desperdício, o desvio e instituem como prática a  malversação de nossos recursos, com merenda sendo desviada, mal acondicionada e a prática de exercerem suas atividades de forma leviana e danosa a nossas crianças, fatos já comprovados esta semana.

Então, senhores e senhoras gestoras...aproveitem o canal que o Vice, Dr. Ruy, estabeleceu e façam a diferença em Mangaratiba, mostrando que estou redondamente enganada e que vocês querem mais do que isso que estão apresentando ao longo dos anos na área da educação. 

Comprem a briga por nossa educação e não a vendam por seus interesses em perpetuarem-se nos cargos. Afinal, pelo que entendi, a nova secretária de educação, praticamente foi escolha de vocês e assim, vocês são co-autores desta gestão! 

Aos responsáveis por alunos de Mangaratiba, insisto na participação de todos vocês, pois nossas crianças não possuem "olhos de ver" e não sabem como estabelecer parâmetros para avaliar o serviço que lhes é prestado.