E agora, José?

Domingão com odor de fim de temporada...

E nós, para onde vamos?

Sem grandes conquistas, sem esperanças, ou melhor com poucos fios delicados de esperança a nos segurar este ano...Esta foi a temporada da seca, da angústia e do vai e vem do ânimo de nossa gente. Sem que tenhamos isto, continuaremos a ser os "reclamões", o povo ranzinza que quer muito e faz pouco. Que cobra e se enrola em suas próprias cobranças já que elas, não são de fato coletivas.... são em grande parte, emocionais e não racionais. 

Gente, não adianta espernear querendo que algum salvador da pátria dissolva um governo que foi constituído por nós mesmos que comodamente alegamos que foi por termos sido enganados... isto é leviandade! Ninguém enganou ninguém! Vivemos em um município que se convive intimamente com seus candidatos... sabemos verdades e mentiras sobre eles. Sabemos quem são e como se comportam em seu dia a dia... Se errarmos ou acertarmos, a responsabilidade é nossa!!! Agora, o que não pode é não contribuir com algum esforço para que caminhemos com o mínimo de respeito enquanto durar estas escolhas.

Vejam, reconhecer algum acerto, não nos faz cúmplices de nada! Apontar os erros, também não nos faz superiores ...só nos faz melhores cidadãos. Objetividade é o que precisamos em nossa coletividade! Nem tudo é erro, e nem tudo que querem nos enfiar goela abaixo é bom para a população.

Mangaratiba precisa e deve urgentemente sair do papel de passageiro e passar a ser motorista desta condução. E só se faz isso, tomando para si a responsabilidade de argumentar, reagir e não se esquivar até mesmo de participar com seu trabalho de melhores dias para todos nós.

Então, peço a você funcionário público, que faça sua parte com todo o respeito ao cidadão. Que faça sua parte lutando por melhores condições de trabalho para todos vocês, sem medos e sem se permitirem sucumbir a agrados pessoais ou a represálias individuais..

Ao comerciante, peço que respeitem a população que mantém o ciclo econômico de seu estabelecimento, atendendo com qualidade e empregando com dignidade esta mesma população.

Aos gestores... não peço nada... poucos iriam dar atenção ao pedido ou melhor as exigências!

Mas, vou continuar fazendo o meu papel, incentivando o que pode ser muito bom e desaguando no que nos faz tão mal... ao menos me alivia a alma!

Parabéns ao Secretário de Turismo...guerreiro e capaz! Que nunca se contamine com a indolência que te cerca!

Parabéns ao ex Secretário de Trânsito... que demonstrou que vontade de acertar e responsabilidade podem ser as características mais importantes de um gestor!

E meu lamento.... enquanto insistirem em manter alguns secretários pela saco, gente do naipe destes acima não farão milagres!

Secretário de Saúde omisso, desgastado com tantos desacertos que vão da má gestão financeira a má gestão administrativa, passando pela apatia em tomar para si as responsabilidades com os funcionários da Saúde, levam para o caos.... aqueles que querem acertar! Será proposital?

Secretaria de Segurança que começa a me preocupar... mudando hábitos e mentalidade de seus subordinados que estão se confundido em suas funções... meninos, vocês não são PMs e muito menos PM da banda podre.

Secretaria de Serviços Públicos que não sabe a que veio e quer só coçar os bagos... complica e muito, pois a indolência profissional causa muito estrago a sociedade... que pena! São tão burros que não percebem que este mínimo de conforto já faria com que a população acalmasse seus anseios.

Secretaria de Meio Ambiente que mais parece projeto escolar em um município com tantas urgências ambientais... faça-me o favor!!!!

E poderia ficar escrevendo sobre todas as "quinhentas" secretarias.... mas, algumas me recuso a comentar sem que coloque o peso de minha revolta pessoal... e aí, não vale... enquanto der para me poupar, farei isto! Um dia, quem sabe consigo tirar o nojo e escrever... não é difícil saber qual me causa tanto horror, mas um dia escrevo com mais isenção!

E deixo para nós, um mimo de Drummond:

 

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?