Então....
Ele foi lá e falou... falou... falou.
Disse que era um alerta que iria ensinar a matemática das eleições e falou de
uso de candidatos, de filiações aos partidos de forma a não “ser usado” pela
máquina, nem pelas coligações. Também “alertou” sobre aventureiros e suas
artimanhas.
Aí, eu fiquei cá a pensar com
meus botões...
Será que não faltou alguma coisa
neste “alerta do bem”?
Será que não faltou orientar os
pré candidatos a fazerem suas filiações
em partidos em que eles possam somar, fazer parte das decisões para evitar que
seus partidos passem a ser legendas de aluguel? Será que não faltou falar em
ideologias sinceras que possam modificar o fisiologismo existente nos
partidos? Ou não esqueceu também de
falar deste uso partidário, em que um eleito fica mudando de partido ao bel
prazer de seus interesses? E que por
vezes mudam de diversos partidos em um só mandato como se fosse natural esta migração?
Lembrou de máquina pública a serviço
de algum pré-candidato, mas esqueceu que partidos, mesmo sem máquina, escolhem
seus “preferidos” em uma nominata e investem neles mais do que nos demais,
permitindo uma desigualdade de oportunidades para apresentação de suas
candidaturas.
Não falou de golpes internos onde
se articulam para “tirar” o partido de mãos que já não lhes são mais úteis e
para isso, não trilham os caminhos previstos nos regimentos internos destes mesmos
partidos, para que a sucessão das executivas seja feita de forma correta,
legítima e ética.
Será que não esqueceu também de
lembrar que por vezes a nominata tem como interesse somente elevar o candidato
do executivo a patamares que por si só não conseguiria chegar.
E finalmente.... será que não
existem outras formas de manipulação... aquela que se traveste de um purismo
inexistente, que não produz nada a não ser intransigência, dúvidas e propaganda pessoal ? Aquela que se santifica
e demoniza os demais?
E aí... vejo que não é só a
petralhada ou os tucanos que ficam a induzir o povo, e sim pessoas em todas as
esferas políticas que se valem de um momento para atingir objetivos pessoais e
não se encorajam a fazer uma política ideológica cuja meta é tentar...tentar...
até mesmo enfrentando julgamentos de pessoas que preferem o bem estar do elogio
e da falácia que os move.
Sou a favor do partidarismo e insisto em dizer que uma democracia sólida se faz com partidos fortes, sindicatos fortes, ONGs fortes e associações de moradores fortes...
ResponderExcluirInfelizmente, no nosso Brasil, não temos partidos fortes e que sejam instituições verdadeiramente democráticas. Poucos têm eleições diretas e em muitos não há um pingo de respeito pelas decisões locais tomadas por um diretório municipal em que as executivas estaduais constantemente interferem criando comissões provisórias...
Existe ainda a má qualidade da participação dos eleitores e candidatos, além da descrença generalizada nas instituições partidárias. É difícil achar pessoas disponíveis para formar um partido com ideologia e forte presença social. O público já entra nessas agremiações pensando em futuros cargos e vantagens pessoais. Não há a consciência de que ganhamos mais através de propostas para o coletivo...
Outrossim, o eleitor consolidou a ideia de que não vota nos partidos e sim em pessoas. Existe há muito tempo no país um forte apelo à despartidarização...
Para piorar a coisa, a legislação ainda facilita o troca-troca de partidos. Não basta poder criar uma nova dissidência. Muitos querem ter o direito de mudar para onde terão mais vantagens ao invés de lutarem internamente por ideias e posições que sejam fruto da conquista de opinião.
Diante de um quadro como esses, entendo o porquê dos partidos já serem tratados como meros instrumentos na política de cidades pequenas sendo que nas grandes também. E não é por menos que temos quase trinta partidos representados no Congresso Nacional a ponto de dificultar o entendimento político.
Sendo assim, como exigir que um político venha a lidar com algo que não corresponde à realidade?
Como exigir que um político permaneça para o resto da vida onde se encontra se a Executiva Estadual de seu partido pode ameaçar a sua candidatura aprovada pelo Diretório Municipal usando para tanto normas estatutárias?!
E de que maneira pode alguém conquistar posições pela via do debate ideológico se a turma é predominantemente fisiológica e desinteressada quanto ao debate de propostas?!
É muito complicado lidar com tudo isso e aí os pre-candidatos de bem acabam fazendo uma política que não favorece o partidarismo. E, mesmo que a legislação e as decisões judiciais ajudem, há que se mudar a cultura de nossa classe política.