domingo, 10 de janeiro de 2010

Meus amigos fakes

Andei fora da internet por alguns dias. Fui dar uma volta pelo mundo “real”, onde não existem fakes e as pessoas são o que são, ou melhor, são o que vivem.
Conversei cara a cara, olhos nos olhos, abracei, beijei, discuti e raramente vi pessoas reais.
Concluí que o mundo virtual é mais real que a vida vivida, pois a vida escrita é luz da alma.
Na internet as pessoas são o seu interior, seu conhecimento, seus desejos e suas angústias. Seus discursos refletem seu aprendizado, ou aquilo que sentem e que gostariam de viver. Até suas mazelas são reais e que muitas vezes estão bem escondidas na sociedade em que circulam.
Tenho o privilégio de saber quem são alguns fakes maravilhosos que muito me alegram na net por suas posições em relação a ideais de vida, de solidariedade e de conversas leves jogadas fora e absorvidas por mim com sorrisos e gargalhadas bem gostosas.
São pessoas que não sabem quem sou e que encontro na rua, no mercado, em restaurantes, ou que tenho notícias por acaso.
E são nestas ocasiões que percebo que a vida vivida por eles é irreal. São pessoas boas de discursos na net e pequenos assustados e tolhidos no seu cotidiano, ou então, são de uma agressividade desumana na net e delicadas criaturas na vida social.
Aí pensei,devo ser assim para os outros e me preocupei. Logo procurei aqueles fakes que me conhecem para saber da impressão que causava quando descobriam quem sou, e fiquei tranqüila, pois com exceção da fisionomia, todos disseram que sou na net o que sou na vida. Ufa!
Então pirei! Tentei entender o motivo, tentei entrar na alma das pessoas e encontrei mil razões, mas mesmo assim, ainda fiquei um tanto quanto adormecida em minha lógica.
Senti que sem este exercício de terapia em grupo que nos proporciona a net, eu conheceria bem menos algumas pessoas.
Aqui, os traidores sem causa se revelam, os oportunistas se avaliam, a sede de liberdade se manifesta, a dor do engano aflora, os preconceitos são visíveis, a igualdade é discurso inquestionável, e o melhor, até aqueles que nada acrescentam a ninguém permanecem em suas convicções.
Assim, volto à net com mais certeza de que basta jogar sua vontade de vislumbrar o outro e a sensibilidade em encantar-se com o ser humano, para que tenhamos mais um instrumento de aproximação com a vida real.

3 comentários:

  1. É Leila... somos quase reais quando somos ilusão... confuso mas verdadeiro... Entendo os fakes como o personagem que cada um de nós gostaria de ser... e quando vestimos nossa fantasia do tipo armadura, podemos tudo... até sermos nós mesmos! Você, mesmo sem saber quem é, é minha musa inspiradora... Adorei seu texto!

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  2. Perfeito! O importante não é o fato de ser fake, mas o fake em si. Eu por exemplo, amo conversar com um fake. É inteligente, tem senso de humor, luta pelas boas causas e o mais importante de tudo, é confiável. Posso passar horas escrevendo com ele e nem percebo, rsrs. Tudo é uma questão de saber ser fake, sem violentar o direito do outro. Por isso... viva os bons fakes! Não é, Leila?

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    1. E vc confia no fake sem se violentar...sendo quem é, sendo tão gente boa.

      Um fake e um RG que se encontram na net. rsrsrs

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