Entrevista Dr. Ruy ao jornal O Foco

ENTREVISTA EXCLUSIVA DE DR RUY QUINTANILHA

CANDIDATO DA COLIGAÇÃO LIDERADA PELO PV ESCLARECE SUA CAMPANHA

Médico, 35 anos faz avaliação da sua campanha e considera temerários os apoios que vêm sendo anunciados pelos adversários. Para ele, a prefeitura de Mangaratiba está sendo loteada em uma busca frenética e capitalista por votos e pelo orçamento de R$ 156,00 milhões destinados ao executivo a partir deste ano. Quintanilha acredita que a eleição não está polarizada entre candidatos do PMDB e o da coligação liderada pelo PR. O vereador ressaltou ainda que sua campanha não é monotemática, embora o nome da coligação formada em torno do seu nome seja “POR UMA MANGARATIBA COM MAIS SAÚDE”. O candidato expôs suas preocupações com o meio-ambiente e saneamento e propôs eventos culturais para dinamizar o turismo.

“MINHA CAMPANHA É HUMILDE , É FAMILIAR”

CANDIDATO DO PV CONCEDE EXCLUSIVA E ESCLARECE SUAS PROPOSTAS

Em contraste gritante com um dos seus adversários na campanha para a eleição suplementar de 6 de fevereiro, o Dr. Ruy Quintanilha- médico e vereador do PV- compareceu ao Hotel Porto Real (que apóia a cobertura de O FOCO sozinho) para a segunda entrevista da série com os candidatos à prefeitura de Mangaratiba. O mais jovem da disputa – apenas 35 anos – respondeu com tranqüilidade sobre os temas propostos e declarou que sua candidatura é uma opção contra os vícios que, segundo ele, contaminam a política local.

Declarou, dentre outras avaliações, que sua campanha não conta com recursos ou apoios que poderão, nas suas palavras, “custar caro aos cidadãos de Mangaratiba”. Acredita que sua experiência como médico será fundamental para minimizar os problemas enfrentados pela população nos de saúde e hospital, e que eventos culturais são importantes para dinamizar o turismo na região.

Quintanilha afirmou categoricamente que a eleição “não está decidida” e que a prefeitura de Mangaratiba está sendo loteada para investidores milionários”. Confira as perguntas preparadas por O FOCO e as respectivas respostas do candidato.

Você concorda que há uma polarização da campanha entre os candidatos José Luiz do Posto e Evandro Capixaba?

Não, não concordo. Em novembro de 2010 encomendei à empresa IBPS uma pesquisa(que não foi protocolada no TER, não era obrigatório naquele momento) e 35% das pessoas estavam indecisas. Acredito que a situação se mantém. É um espaço de tempo muito curto para as pessoas assimilarem as propostas e decidirem. Qualquer um dos três candidatos pode vencer a eleição.

Então dizer que sua campanha não decolou é incorreto...

Sim. Minha diferença em relação aos demais candidatos é a quantidade de dinheiro sendo gasta. São duas campanhas milionárias, financiadas por políticos, empresários do Rio de Janeiro e caciques extra-Mangaratiba “ apoiando”, injetando dinheiro. Por isso aparecem mais. Minha campanha é humilde, familiar. Se você for ao comitê vai encontrar minha mãe e minha tia trabalhando. Não tem como comparar uma campanha que custa em torno de R$20mil com uma que custa R$2 milhões.

Quais são as outras diferenças da sua campanha em relação às dos seus adversários?

Já ouvi uma dúvida em uma das minhas caminhadas. Como é possível um futuro prefeito que vai receber em torno de R$252 mil ao ano poder gastar R$2milhões na campanha? Com é possível ter 400 pessoas trabalhando nas ruas? Eu tenho cinco. Acho que essas campanhas estão sendo bancadas por empresários que investem i milhão e querem o triplo de lucro.

A prefeitura de Mangaratiba está sendo loteada para pagar essa conta. Vejo isso com muito temor porque sei que esses apoios exigirão uma contrapartida.

Mangaratiba é lucrativa aponto de mobilizar tantos apoios e tanto dinheiro?

Com certeza. Um prefeito aqui mudou a cara dessa cidade com 70 milhões de orçamento por ano. Pasme: o próximo orçamento será de 156 milhões. É em torno de 15 milhões por mês. É como administrar uma mega-sena por mês. Com orçamento pequeno, ninguém vinha. Falta espaço nas placas de propaganda para incluir tantos apoios. Ali ninguém está de graça.

Temos convivido, como imprensa, com dificuldades crescentes no relacionamento com as instituições públicas em geral. Com sua candidatura não foi diferente. Quais são os motivos?

Toda culpa é exclusivamente minha porque eu sou o coordenador da campanha, um dos maiores financiadores, sou o próprio candidato, eu faço meu Plano de Governo (não tive nenhuma equipe para fazer isso), faço a compra das placas, monto layout etc.Não tenho tempo hábil para atender a imprensa.

A saúde é um dos principais temas da sua campanha. Inclusive o nome da sua coligação é “POR UMA MANGARATIBA COM MAIS SAÚDE” (PV-PSB-PT do B). Como você pretende tratar desse tema?

Tenho certeza que dos três candidatos eu sou o mais competente para lidar com esse problema.Sou médico, estou no sistema municipal há mais de 10 anos, trabalhei em quase todos os postos de saúde e no hospital. Hoje a saúde no município é caótica, baseada no atendimento de acadêmico, o que é irregular. Aumentar salário dos médicos é muito importante. Podemos remanejar dinheiro e pessoas, dar mais conforto às unidades e humanizar o atendimento.

Ser o mais jovem dos candidatos é uma vantagem ou desvantagem na sua candidatura?

Eu acho que é uma vantagem. Sou o mais jovem, mas sou o único que não perdi uma eleição.

Fui candidato a vereador com 27 anos, venci, me reelegi. Não tenho nenhuma frustração porque não tenho derrota na minha vida política. Fala-se em renovação, em novos tempos, acho que isso tem a ver com juventude.

O partido Verde não tem muita tradição na política local. Isso é um obstáculo na sua campanha?

Nos partidos mais tradicionais, lançar candidatura remete imediatamente às maracutaias de Brasília, pessoas que estão lá há 30, 40 anos, ao lado do poder a qualquer custo. Somos um partido leve de pessoas bem vistas, éticas.

Você está confiante na vitória?

Digo que a eleição não está decidida. Isso se definirá na próxima semana. Campanhas milionárias poderão custar caro para os mangaratibenses, as pessoas estão reparando isso.

Quais são suas propostas para o meio ambiente?

O que me preocupa na cidade é o lixão. Fizemos reiteradas indicações ao Prefeito em relação a isto. Conseguimos um excelente estudo da UFRJ, mas em quatro anos nada foi feito. Acho que o político de antigamente não tem interesse em fazer obra que pode ser vista da estrada. Outra preocupação é a ocupação desordenada das encostas. O que aconteceu em Teresópolis pode acontecer aqui, basta cair a mesma chuva que caiu lá. Se for preciso ser um prefeito impopular para tomar medidas corretas em relação ao meio ambiente e saneamento, serei.

Temos percebido na campanha a proliferação de anúncios de apoio de políticos de várias ordens. Você sente falta de apoios semelhantes ou na sua campanha optou por não tê-los?

O Gabeira se propôs vir a Mangaratiba fazer caminhadas comigo. Achei desnecessário.

Mas a presença do Gabeira não daria um gás na sua campanha?

Acho que exporia ele a um novo confronto com o Governador Sérgio Cabral[ que apóia o candidato do PMDB]. Como sou amigo dele, resolvi poupá-lo.

O PV não tem nomes em seus quadros para formar um futuro secretariado seu. A questão “pessoas de fora” ou “pessoas de dentro” já rondou a campanha do PMDB. Qual é a sua posição em relação a essa polêmica?

Na verdade é uma questão de contratados pela prefeitura, dos cargos mais diretos. Em relação às Secretarias, pessoas da terra poderiam ocupar. É muito grave que a prefeitura seja a maior empregadora da cidade, pois isso é usado como moeda de troca de voto pelos maus políticos. Reuniões são lotadas por uma intimação, ônibus são alugados para transportar essas pessoas, elas têm medo de perder o emprego. Temos que mudar essa cultura. O número de contratados aqui é uma barbárie, temos que abrir concursos.

Quanto ao turismo, há um sub-aproveitamento do potencial da cidade, dada a natureza exuberante que existe aqui. Por que isso acontece?

Má administração. Falta de preparo do político para ser gestor. E isso já vem de muito tempo. Temos hotéis maravilhosos em praias paradisíacas em dificuldade com o fisco. Temos que negociar com os donos desses estabelecimentos, abatendo dívidas, até anistiando, se for o caso. A construção de mirantes pode estimular os turistas a parar na cidade, porque hoje somos apenas caminho para Angra. Temos idéia de organizar eventos que tragam turistas, a exemplo de outras cidades.

E quanto à segurança e educação?

Em segurança, qualificar melhor a guarda municipal e melhorar a relação da GM com a PM, além de treinar os guardas para receber turistas, eles não estão preparados. Em educação, já está na hora de termos o horário integral. À tarde, aulas de educação ambiental, cidadania, xadrez, teatro, recreação com esportes.