domingo, 7 de agosto de 2011

Centros Sociais ou currais para abate eleitoral?

A população se acostuma com tudo mesmo! Em troca de uma migalha de nossos direitos, aceitamos que pessoas suguem até a última gota de dignidade da sociedade.

Quem precisa ter suas necessidades básicas atendidas, não quer nem pensar se está sendo usado ou não, quer ser atendido, quer sobreviver de qualquer maneira. Mas, e aqueles que não precisam e nada fazem para impedir que o processo de esmagamento social se perpetue?

E nós que repudiamos estas práticas, pois sabemos que isto não passa de promoção pessoal, de atividade grosseiramente travestida de ações sociais, e nada fazemos para que isto não aconteça?

E as autoridades instituídas pelo povo, para o povo, fecham os olhos para isto, ou melhor, muitos chegaram ao poder, justamente por isto.....

E por aqui.....Em breve inauguração de mais alguns centros sociais.... as propagandas já começaram.


Notícia: JORNAL EXTRA


"Aos 81 anos, Terezinha Alves Rangel sofreu um derrame. Do médico, recebeu a recomendação: deveria fazer fisioterapia. Mas onde?, pensou, aflita. Resolveu bater à porta dos postos de saúde municipais de Vila União e Vilar dos Teles, perto de sua casa. Nada feito, lá não havia aparelhos. Sem atendimento na rede pública de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, decidiu recorrer à “UPA” do vereador Francisco da Costa (sem partido), no bairro Tomazinho.

Dona Terezinha não foi a primeira a buscar ajuda nas policlínicas improvisadas montadas por políticos na região. De acordo com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, 56 centros sociais funcionam na Baixada, e, apenas em quatro deles (em Meriti, Belford Roxo e Nova Iguaçu) são realizados por ano 68.640 atendimentos. O número é significativo: equivale a 22% do que é realizado nos postos de saúde municipais localizados nas mesmas áreas dos chamados “prontos-socorros eleitorais”.

A partir de informações das Câmaras de Vereadores dos 13 municípios que compõem a Baixada, o EXTRA chegou a Francisco da Costa e a outros 16 parlamentares com maior número de mandatos na região. Destes, cinco estão à frente de centros sociais. Outros três também apostam no assistencialismo, de olho no poder das urnas. No centro social de João Carlos Julião, no Vale das Mangueiras, em Belford Roxo, depois da identidade, alerta o cartaz na entrada, o título de eleitor é um dos “documentos necessários para o atendimento”.

Sem autorização da Vigilância

Hoje, os cinco veteranos que mantêm centros sociais na Baixada ganham entre R$ 5.400 e R$ 9.288. E, a julgar por Francisco da Costa, eles são obrigados a fazer ginástica para manter as instituições.

Sem alvará das prefeituras, autorização da Vigilância Sanitária ou registro nos conselhos regionais de medicina e odontologia, todas as policlínicas funcionavam até julho sem serem incomodadas. Apenas após ser procurada pelo EXTRA, a Prefeitura de São João de Meriti resolveu se mexer, multar e notificar a instituição.

— Já seria nefasto se o serviço nestes centros fosse de excelente qualidade, mas não. Em ações feitas pelo TRE, descobrimos lotes de remédios fora da validade e outros desviados da rede pública — afirma a procuradora da República Silvana Batini.

Durante três meses, o EXTRA percorreu centros sociais mantidos por políticos, Câmaras de Vereadores e cartórios para entender como funcionam estas instituições. E entrevistou 60 pessoas — entre elas, a idosa de Vila União.

Uma amiga me indicou o centro social. Meu filho votou no vereador. Por isso, vim para cá. Preferia fazer o tratamento no posto de saúde, que é mais perto da minha casa, mas lá não tem aparelho — disse, em 8 de julho, dona Terezinha, pouco antes de iniciar a sessão de fisioterapia na “UPA” de Tomazinho."

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