quarta-feira, 27 de abril de 2011

Neuzinha Brizola - 1954 / 2011



Caçula dos três filhos do político Leonel Brizola, morto de enfarte aos 82 anos, Neusinha Brizola deu muito trabalho ao pai na juventude. Enquanto Brizola governava o Rio em dois mandatos (1983 a 1986 e 1991 a 1993), sua filha aprontava. Em 1983, ela posou para a Playboy, o que obrigou o pai a suspender a publicação da revista. E também envolveu-se com drogas. Os tempos de loucura, porém, ficaram no passado. Há 17 anos longe das drogas, a mãe de dois dos nove netos (Laila e Paulo César) e avó de três dos quatro bisnetos (Túlio, Breno e Marina) de Brizola queria ser a guardiã do nome da família.

Hoje, 27 de Abril, foi se encontrar com o velho caudilho.

Vejam a entrevista dela algum tempo após a morte de Leonel Brizola:

O que pretende fazer após a morte de Leonel Brizola?

Quero atuar como guardiã do nome da família. Tenho que honrar esse nome por mim e por tudo que meu pai fez. Não houve político mais investigado do que ele no Brasil e ninguém provou nada contra. Todos os herdeiros, netos, filhos, temos de ter essa coerência, essa honestidade em respeito à memória dele, para não deixar ninguém aparecer do nada usando o nome dele.

Acha que existe esse risco?

Não, absolutamente. Ele deixou netos. Tem o Carlito , filho de José Vicente, primogênito de Brizola, que já é candidato a vereador no Rio de Janeiro. Sairá como Brizola Neto e nós da família já nos fechamos em torno dele. Para as futuras eleições, tem também o meu filho Paulo César, que trabalhava com meu pai desde os 13 anos. De repente, até eu posso entrar na política.

Pretende entrar para a política?

Por enquanto ainda é tudo prematuro, mas existe essa possibilidade. Não para esse ano, quando nosso candidato será o Carlito. Mas tenho vontade, talvez, de me candidatar a deputada federal em 2006. É uma questão de conversar com o partido. A vontade de seguir os passos do meu pai está no sangue, até para manter essa chama acesa.

Tem outros projetos com relação ao seu pai?

Quero participar ativamente dos trabalhos na Fundação Alberto Pasqualini (fundação que desenvolve projetos sociais, ligada ao PDT, que, como o partido, era presidida por Leonel Brizola). Minha preocupação é manter vivo o nome Brizola. Gostaria de fazer como a Lucinha Araújo fez com o Cazuza e a Viviane Senna, com o Ayrton Senna.

Desde quando você se interessa por política?

Tivemos uma vida muito sofrida. Vivemos no exílio durante a ditadura militar. Tudo isso tornou toda a nossa família muito politizada. Lemos jornais todos os dias, temos nossa ideologia, acompanhamos tudo. Meu pai conversava muito com todos nós. Víamos o trabalho dele. Ele nos deu o exemplo. Foi uma jóia rara, uma grande escola.

Qual foi o momento mais duro na vida da família?

O golpe militar de 1964. Era pequena na época, tinha 9 anos. Não tinha muita noção das coisas, mas para mim foi como se tivesse ido dormir como princesa e acordasse como sapa. Meu pai foi para a clandestinidade e nós tivemos de sair do País. Ficamos com a minha mãe num hotelzinho de Montevidéu. Minha mãe rezando o terço, a gente rezava terço todo dia, pedindo para o meu pai ficar bem. Minha mãe fazia todo mundo ir à igreja todo dia.

E os últimos dias de seu pai?

Fiquei com o meu pai praticamente o tempo todo depois que ele voltou do Uruguai (na quarta-feira 16). Apesar de estar de cama, ele estava bem, animado. Foi um enfarte fulminante. Graças a Deus, ele não sofreu nada, não teve que ficar entrevado numa cama. Morreu dignamente, com as mãos limpas. A morte do meu pai foi uma surpresa. Na véspera ele estava ótimo, conversou comigo, quis saber da família, se estava tudo bem.

Ultimamente a saúde de Brizola preocupava a família?

Tínhamos uma preocupação normal com alguém de 82 anos, mas meu pai era um homem sem vícios. Não fumava, só bebia um vinhozinho de vez em quando, tinha uma vida muito regrada. Seu único problema era que comia de tudo. Comia lingüiça no café da manhã, gostava de mocotó, rabada, e sempre o arroz de carreteiro acompanhando. Mas meu pai era um touro. Às vezes, não agüentava o pique dele.

Como assim?

Na campanha de 1998, quando ele era vice da chapa do Lula, fui com ele para Bom Jesus da Lapa, na Bahia. Estava de salto, andando ao lado dele, mas eu não agüentei. Pedi para sentar no jardim da casa de uma senhora de lá enquanto meu pai seguiu com a passeata, sem demonstrar nenhum cansaço. Na volta da passeata é que me encontrei com ele de novo. Talvez por isso a ficha ainda não tenha caído direito pra mim. Ainda está o número do telefone dele no meu celular. De vez em quando me esqueço e tenho o ímpeto de ligar para ele. Ainda não assimilei direito

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