domingo, 17 de outubro de 2010

Dia do Médico

Hoje gostaria de homenagear os médicos de todo nosso país, mas parei para pensar se seria sincero meu agradecimento e.....

Pensei bastante, relembrei as experiências com esta classe ao longo de minha vida e cheguei à conclusão que teria que fazer esta homenagem para as exceções, afinal, foram poucos os médicos que me inspiram a isto.


Percorri minha memória e aterrissei em minha infância, quando uma irmã minha, foi muito mal atendida e teve um diagnóstico indevido, fazendo com que uma pneumonia simples, evoluísse para uma grave enfermidade com infecção de streptococcus. Lembrei do desespero de minha mãe, de minha prima Aracy, percorrendo os hospitais para um atendimento, com minha irmã desfalecida. Me vi, pequena, apavorada quando meu pai pegou em sua "escrivaninha" uma arma e voltou para a emergência onde minha irmã esperava atendimento. Mais tarde, ficamos sabendo que meu pai entrou no local e pegou minha irmã no colo e gritou que estava esperando minha irmã morrer, para que ele atirasse em tudo que estivesse na frente.
Nesta hora, passava um médico cirurgião que disse a meu pai que iria ver minha irmã ali na emergência, no colo mesmo de meu pai. Quando este cirurgião escutou a respiração dela, imediatamente, levou-a para a cirurgia.
Deste dia até a alta do hospital, passarem-se 10 (dez) meses!

Outras lembranças me povoaram hoje, sempre tão distantes dos dias de hoje, como as cirurgias que minha mãe se submeteu ao longo da vida, ou os atendimentos maravilhosos que recebeu por dois médicos, pai e filho, que a monitoraram em uma UTI e com isso, nos entregaram uma mãe novinha em folha, para nossa maior alegria!

Mas, isto ficou para trás.....

Agora, as emoções de lembranças recentes não são agradáveis, pois sempre esbarro na dor do mal atendimento, na falta de compromisso com a vida, no dissociar-se destes profissionais com o paciente e com seus familiares.

Tempos diferentes? Ou profissionais diferentes?

Não sei a resposta, mas sei que não tenho motivos para dizer um simples "obrigada"!

Assim, em um esforço em repensar meu radicalismo, busquei inspiração em um grupo maravilhoso, os Médicos Sem Fronteiras, que também deveria servir como fonte de inspiração para todos os profissionais da área de saúde.

Partilho meu respeito a esta organização, publicando a carta que norteia estes profissionais.

Carta de princípios

"A organização Médicos Sem Fronteiras leva socorro às populações em perigo e às vítimas de catástrofes de origem natural ou humana e de situações de conflito, sem qualquer discriminação racial, religiosa, filosófica ou política."

"Trabalhando com neutralidade e imparcialidade, os Médicos Sem Fronteiras reivindicam, em nome da ética médica universal e do direito à assistência humanitária, a liberdade total e completa do exercício da sua atividade."

"Eles se empenham em respeitar os princípios deontológicos da sua profissão e em manter uma total independência em relação a todo poder, bem como a toda e qualquer força política, econômica ou religiosa."

"Voluntários, eles medem os riscos e perigos das missões que realizam e não reclamam qualquer compensação que não seja aquela oferecida pela organização."

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